Arquivar junho 6, 2011

Inscrições abertas – 6º Encontro Internacional Pedagogia 3000

RIO DE JANEIRO | JULHO/2011
Convidamo-lhes a “Uma Pedagogia Holística é possível”
 no Rio de Janeiro, de 8 a 17 de Julho de 2011.
 Uma semana dedicada a uma Nova Educação integral, divertida, 
com arte, e de crescimento pessoal.
Um intercâmbio único com educadores internacionais, 
um encontro singular contigo mesmo!



1. Intercâmbio mundial de profissionais da Nova Educação. 

Sexta 8, sábado 9 e domingo 10 de julho de 2011.

Lugar: Universidade Santa Úrsula – Botafogo/RJ.

Horários: Sexta (18h às 22h), Sábado (9h às 19h) e Domingo (9h às 19h).

Investimento participativo: $350 (valor real), $300 (valor justo) ou $250 (valor solidário).

Inclui entrada e coffee break.
*15% de desconto nas inscrições efetuadas até dia 10 de junho!
Inclui palestras com apresentações de várias metodologias e abordagens criativas para uma Nova Educação, além de nomes importantes no cenário pedagógico atual, como José Pacheco, Noemi Paymal, Gonçalo Medeiros, entre outros.



Abertura:
Coral Harmonicanto – crianças de comunidade de Copacabana
Palestra sobre a Pedagooogia 3000 no mundo – Noemi Paymal
Celebração com o Coral Orgânico d’AMMOR



Temas já confirmados para as palestras:

Educação em Valores Humanos – Gonçalo Medeiros

Educação e Mente Sustentável – Evandro Vieira Ouriques

Crianças Índigo e Cristais – Ingrid Cañete

Programa Cinco Minutos de Valores Humanos para a Escola – 
Maria do Socorro Sousa

Ecologia Escolar – Denise Rocha

Educação e Tradição Indígena Guarani – Jacira Monteiro

Orientando Quem Orienta – Graça Santos

A Mudança do Padrão Geológico-Ecológico e a Educação Ambiental – 
Luis Camargo

Lattice for Children – Glaucia Cerioni

Educação em defesa da Vida e dos Animais – Nina Rosa

Ensinar e Aprender com o Coração – Claudia Lins e Esteban Moreno

Escola do Mundo – Argus Caruso

E mais: área de  exposição para instituições 
educativas, iniciativas pedagógicas, voluntariado…



Para saber mais, clique nos links abaixo:





Humildade Intelectual

Postura receptiva, aberta, agregadora. Em duas palavras: Humildade intelectual. E o mais interessante é que isto pode ser conseguido por qualquer um, independente da capacidade cognitiva.


Não sou nenhuma sumidade em minha área de atuação, tampouco tenho uma inteligência que se possa considerar Excepcional; ainda assim, sob o aspecto profissional, percebo que hoje, aos 32 anos, já sou olhado com certo respeito, e talvez até admiração por parte de alguns colegas de faculdade.
Dias atrás, um colega que ainda não conseguiu deslanchar na carreira, me perguntou, numa mesa de bar, o que eu considerava mais importante em meu comportamento para ter conseguido realizações profissionais relativamente cedo na vida. Não tive que pensar muito!
Não é capacidade cognitiva, não é disciplina, não é inteligência, não era minha postura na faculdade (atípica aliás, nunca tive um caderno que fosse, chegava tarde e saía cedo às vezes…), não foi capacidade de expressão verbal, e também não foi habilidade em fazer networking.
Não me entenda mal, sou razoavelmente inteligente, medianamente disciplinado, me expresso muito bem verbalmente, e escrevo com certa facilidade, enfim, tenho sim, uma grande quantidade de características que me levaram a alcançar resultados, mas todas elas em nível mediano ou apenas “quase alto”. Nada de mais. Agora, a característica que julgo, de longe, como a mais importante para meu crescimento é:
Postura receptiva, aberta, agregadora. Em duas palavras: Humildade intelectual. E o mais interessante é que isto pode ser conseguido por qualquer um, independente da capacidade cognitiva.
Funciona assim:
Se você me disser que saiu um novo livro que te ensina a “Ser feliz em 7 passos”, sabe o que eu faço? Eu leio, e aplico em minha vida.
Se me disser que vai ter uma palestra sobre “Como mudar sua vida profissional” eu vou. Sabe aqueles livros de auto- ajuda que o Lair Ribeiro escrevia no começo dos anos noventa? Li também, e pus em prática.
Funciona? Ô!
Por exemplo, a área em que sou mais habilidoso em RH, é a de treinamento e desenvolvimento. Tenho muita experiência, tanto organizando, quanto produzindo e executando treinamentos. Já se vão 8 anos que faço isto.
Agora vamos supor que você me diz que aquele seu colega de 23 anos,  recém formado em administração, vai dar uma “palestrinha” sobre T&D na faculdade.
O que você acha que vou dizer?
A)      Eu tenho 8 anos de experiência em treinamento e trabalho numa multinacional! O quê que eu vou fazer vendo um menino falar?
B)       Vou lá ver este garoto, de repente tem alguma novidade. Na pior das hipóteses reforço meu conhecimento.
Acertou se você disse B. Veja, não é que eu saia por aí catando tudo pra ler, ver, assistir e experimentar. Nem tenho tempo pra isso, e deixo de ir a muita coisa que gostaria.
O que estou dizendo é que mantenho sempre uma postura receptiva, humilde e agregadora a quase tudo que se me apresenta. Não olho nada por cima; não desdenho de nada, não julgo pela capa, e principalmente, não acho que “já sei isso”. Na verdade acho que sei é quase nada.
Ter esta postura na vida é algo que tornou meu universo muito mais rico, comportamentalmente, culturalmente e profissionalmente. Entenda que agir assim não é abrir mão de seu senso crítico e aceitar tudo, e sim se dispor a analisar, receber, e entender antes de julgar.
Eu não busco aprender e crescer a partir apenas de minhas percepções, eu não tenho a pretensão de achar que sei das coisas. Por isto eu escolho aprender com a experiência de quem viveu, fez, escreveu, palestrou, contou, transmitiu. Mesmo que seja alguém jovem, com algo novo.
Sabe aquele tipo de gente que despreza o que vem de fora e diz que só confia na própria experiência para aprender as coisas e amadurecer? Morre verde!
Gente que diz: como é que um livro vai me ensinar a ser mais feliz, se o autor nem me conhece? Eu digo que livro pode ensinar sim, pois existem “princípios de comportamento” inerentes a todos os seres humanos; além do mais, livros retratam experiências de vida dos outros que podemos usar para crescer. Livros são nada mais que pessoas contando a você os estudos, os conhecimentos, e em certos casos, a experiência de vida delas. É inteligente pensar assim!
Os colegas de faculdade que vejo com mais dificuldade em deslanchar na vida profissional, são aqueles que mais desdenham do que vem de fora.
São os que sabem menos, justamente por acreditarem saber muito. Dizem: Ah, isso é auto-ajuda barata! Eu? Ver palestra sobre inteligência emocional? Ih, aquele autor copia tudo dos outros!  Sei…só pelo título já vejo que é uma m….! E por aí vai.
São fechados, acreditam que sabem alguma coisa da vida, não absorvem experiências externas, não enriquecem o mundo interno, não lêem a realidade à sua volta; e vem me perguntar porque não estão se dando bem.
Pois eu respondo: Porque são altivos, esnobes, e não tem humildade intelectual.
Como só aprendem com a própria experiência e não respeitam o que vem “de fora”,  o que vem “do outro”, chegam aos 30, 35, 40 anos com um repertório de comportamento e experiências muito pobre. E CONTINUAM achando que sabem algo. É gente rasa.
Então fica minha dica: Dá próxima vez que você passar por uma banca de jornal e ver um livro ensinando como plantar batata doce com 7 cores e gosto salgado, dê uma olhadinha. Com as pesquisas em engenharia da alimentação que temos hoje, pode ser verdade!
Brincadeiras à parte, o que quero dizer aqui é o que Sócrates já disse há 5 mil anos e virou até clichê barato: Só sei que nada sei!
Quer sucesso profissional? Então tenha consciência de seu valor e de sua experiência, tenha senso crítico, mas mantenha sua humildade intelectual. Experimente, perscrute, leia, assista, acredite, AMPLIE!
Abra-se ao que vem de fora, pois a vida nos ensina muito mais a partir do que vemos no outro do que através das tolas conclusões que tiramos no claustro de nossa solidão, na aridezNão sou nenhuma sumidade em minha área de atuação, tampouco tenho uma inteligência que se possa considerar Excepcional; ainda assim, sob o aspecto profissional, percebo que hoje, aos 32 anos, já sou olhado com certo respeito, e talvez até admiração por parte de alguns colegas de faculdade.
Dias atrás, um colega que ainda não conseguiu deslanchar na carreira, me perguntou, numa mesa de bar, o que eu considerava mais importante em meu comportamento para ter conseguido realizações profissionais relativamente cedo na vida. Não tive que pensar muito!
Não é capacidade cognitiva, não é disciplina, não é inteligência, não era minha postura na faculdade (atípica aliás, nunca tive um caderno que fosse, chegava tarde e saía cedo às vezes…), não foi capacidade de expressão verbal, e também não foi habilidade em fazer networking.
Não me entenda mal, sou razoavelmente inteligente, medianamente disciplinado, me expresso muito bem verbalmente, e escrevo com certa facilidade, enfim, tenho sim, uma grande quantidade de características que me levaram a alcançar resultados, mas todas elas em nível mediano ou apenas “quase alto”. Nada de mais. Agora, a característica que julgo, de longe, como a mais importante para meu crescimento é:
Postura receptiva, aberta, agregadora. Em duas palavras: Humildade intelectual. E o mais interessante é que isto pode ser conseguido por qualquer um, independente da capacidade cognitiva.
Funciona assim:
Se você me disser que saiu um novo livro que te ensina a “Ser feliz em 7 passos”, sabe o que eu faço? Eu leio, e aplico em minha vida.
Se me disser que vai ter uma palestra sobre “Como mudar sua vida profissional” eu vou. Sabe aqueles livros de auto- ajuda que o Lair Ribeiro escrevia no começo dos anos noventa? Li também, e pus em prática.
Funciona? Ô!
Por exemplo, a área em que sou mais habilidoso em RH, é a de treinamento e desenvolvimento. Tenho muita experiência, tanto organizando, quanto produzindo e executando treinamentos. Já se vão 8 anos que faço isto.
Agora vamos supor que você me diz que aquele seu colega de 23 anos,  recém formado em administração, vai dar uma “palestrinha” sobre T&D na faculdade.
O que você acha que vou dizer?
A)      Eu tenho 8 anos de experiência em treinamento e trabalho numa multinacional! O quê que eu vou fazer vendo um menino falar?
B)       Vou lá ver este garoto, de repente tem alguma novidade. Na pior das hipóteses reforço meu conhecimento.
Acertou se você disse B. Veja, não é que eu saia por aí catando tudo pra ler, ver, assistir e experimentar. Nem tenho tempo pra isso, e deixo de ir a muita coisa que gostaria.
O que estou dizendo é que mantenho sempre uma postura receptiva, humilde e agregadora a quase tudo que se me apresenta. Não olho nada por cima; não desdenho de nada, não julgo pela capa, e principalmente, não acho que “já sei isso”. Na verdade acho que sei é quase nada.
Ter esta postura na vida é algo que tornou meu universo muito mais rico, comportamentalmente, culturalmente e profissionalmente. Entenda que agir assim não é abrir mão de seu senso crítico e aceitar tudo, e sim se dispor a analisar, receber, e entender antes de julgar.
Eu não busco aprender e crescer a partir apenas de minhas percepções, eu não tenho a pretensão de achar que sei das coisas. Por isto eu escolho aprender com a experiência de quem viveu, fez, escreveu, palestrou, contou, transmitiu. Mesmo que seja alguém jovem, com algo novo.
Sabe aquele tipo de gente que despreza o que vem de fora e diz que só confia na própria experiência para aprender as coisas e amadurecer? Morre verde!
Gente que diz: como é que um livro vai me ensinar a ser mais feliz, se o autor nem me conhece? Eu digo que livro pode ensinar sim, pois existem “princípios de comportamento” inerentes a todos os seres humanos; além do mais, livros retratam experiências de vida dos outros que podemos usar para crescer. Livros são nada mais que pessoas contando a você os estudos, os conhecimentos, e em certos casos, a experiência de vida delas. É inteligente pensar assim!
Os colegas de faculdade que vejo com mais dificuldade em deslanchar na vida profissional, são aqueles que mais desdenham do que vem de fora.
São os que sabem menos, justamente por acreditarem saber muito. Dizem: Ah, isso é auto-ajuda barata! Eu? Ver palestra sobre inteligência emocional? Ih, aquele autor copia tudo dos outros!  Sei…só pelo título já vejo que é uma m….! E por aí vai.
São fechados, acreditam que sabem alguma coisa da vida, não absorvem experiências externas, não enriquecem o mundo interno, não lêem a realidade à sua volta; e vem me perguntar porque não estão se dando bem.
Pois eu respondo: Porque são altivos, esnobes, e não tem humildade intelectual.
Como só aprendem com a própria experiência e não respeitam o que vem “de fora”,  o que vem “do outro”, chegam aos 30, 35, 40 anos com um repertório de comportamento e experiências muito pobre. E CONTINUAM achando que sabem algo. É gente rasa.
Então fica minha dica: Dá próxima vez que você passar por uma banca de jornal e ver um livro ensinando como plantar batata doce com 7 cores e gosto salgado, dê uma olhadinha. Com as pesquisas em engenharia da alimentação que temos hoje, pode ser verdade!
Brincadeiras à parte, o que quero dizer aqui é o que Sócrates já disse há 5 mil anos e virou até clichê barato: Só sei que nada sei!
Quer sucesso profissional? Então tenha consciência de seu valor e de sua experiência, tenha senso crítico, mas mantenha sua humildade intelectual. Experimente, perscrute, leia, assista, acredite, AMPLIE!
Abra-se ao que vem de fora, pois a vida nos ensina muito mais a partir do que vemos no outro do que através das tolas conclusões que tiramos no claustro de nossa solidão, na aridez de nossa mente isolada, e  na pobreza de nossos pensamentos altivos.
Você vai se surpreender!

Até mais! de nossa mente isolada, e  na pobreza de nossos pensamentos altivos.

Você vai se surpreender!
Até mais!

BLOG GANHA FORÇA COMO FERRAMENTA DE APRENDIZADO PARA CRIANÇAS Para especialistas, ter um blog ensina os pequenos a utilizar bem cedo ferramentas fundamentais da internet, além de ajudar na prática da escrita e no desenvolvimento de ideias

A escritora do livro Projetos Pedagógicos Dinâmicos: a paixão de educar e o desafio de inovar, afirma que mesmo cedo o blog pode ajudar na escolha profissional. “Ali serão revelados os temas que mais agradam e estimulam a criança para a leitura, pesquisa e produção textual”.


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Você utiliza o blog para melhorar a comunicação com os alunos?

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A festa de Babette, Rubem Alves


Um dos meus prazeres é passear pela feira. Vou para comprar. Olhos compradores são olhos caçadores: vão em busca de caça, coisas específicas para o almoço e a janta. Procuram. O que deve ser comprado está na listinha. Olhos caçadores não param sobre o que não está escrito nela. Mas não vou só para comprar. Alterno o olhar caçador com o olhar vagabundo. O olhar vagabundo não procura nada. Ele vai passeando sobre as coisas. O olhar vagabundo tem prazer nas coisas que não vão ser compradas e não vão ser comidas. O olhar caçador está a serviço da boca. Olham para a boca comer. Mas o olhar vagabundo, é ele que come. A gente fala: comer com os olhos. é verdade. Os olhos vagabundos são aqueles que comem o que vêem. E sentem prazer. A Adélia diz que Deus a castiga de vez em quando, tirando-lhe a poesia. Ela explica dizendo que fica sem poesia quando seus olhos, olhando para uma pedra, vêem uma pedra. Na feira é possível ir com olhos poéticos e com olhos não poéticos. Os olhos não poéticos vêem as coisas que serão comidas. Olham para as cebolas e pensam em molhos. Os olhos poéticos olham para as cebolas e pensam em outras coisas. Como o caso daquela paciente minha que, numa tarde igual a todas as outras, ao cortar uma cebola viu na cebola cortada coisas que nunca tinha visto. A cebola cortada lhe apareceu, repentinamente, como o vitral redondo de catedral. Pediu o meu auxílio. Pensou que estava ficando louca. Eu a tranqüilizei dizendo que o que ela pensava ser loucura nada mais era que um surto de poesia. Para confirmar o meu diagnóstico lembrei-lhe o poema de Pablo Neruda “A Cebola”, em que ele fala dela como “rosa d’água com escamas de cristal”. Depois de ler o poema do Neruda uma cebola nunca será a mesma coisa. Ando assim pela feira poetizando, vendo nas coisas que estão expostas nas bancas realidades assombrosas, incompreensíveis, maravilhosas. Pessoas há que, para terem experiências místicas, fazem longas peregrinações para lugares onde, segundo relatos de outros, algum anjo ou ser do outro mundo apareceu. Quando quero ter experiências místicas eu vou à feira. Cebolas, tomates, pimentões, uvas, caquis e bananas me assombram mais que anjos azuis e espíritos luminosos. Entidades encantadas. Seres de um outro mundo. Interrompem a mesmice do meu cotidiano.

Pimentões, brilhantes, lisos, vermelhos, amarelos e verdes. Ainda hei de decorar uma árvore de Natal com pimentões. Nabos brancos, redondos, outros obscenamente compridos. Lembro-me de uma crônica da querida e inspirada Hilda Hilst que escandalizou os delicados: ela ia pela feira poetizando eroticamente sobre nabos e pepinos. Escandalizou porque ela disse o que todo mundo pensa mas não tem coragem de dizer. Roxas berinjelas, cenouras amarelas, tomates redondos e vermelhos, morangas gomosas, salsinhas repicadas a tesourinha, cebolinhas, canudos ocos, bananas compridas e amarelas, caquis redondos e carnudos (sobre eles o Heládio Brito escreveu um poema tão gostoso quanto eles mesmos), mamões, úteros grávidos por dentro, laranjas alaranjadas (um gomo de laranja é um assombro, o suco guardado em milhares de garrafinhas transparentes), cocos duros e sisudos, pêssegos, perfume de jasmim do imperador, cachos de uvas, delicadas obras de arte, morangos vermelhos, frutinhas que se comem à beira do abismo… Minha caminhada me leva dos vegetais às carnes: lingüiças, costelas defumadas, carne de sol, galinhas, codornizes, bacalhau, peixes de todos os tipos, camarões, lagostas. Os vegetarianos estremecem. Compreendo, porque na alma eu também sou vegetariano. Fosse eu rei decretaria que no meu reino nenhum bicho seria morto para nosso prazer gastronômico. Mas rei não sou. Os bichos já foram mortos contra a minha vontade. Nada posso fazer para trazê-los de volta à vida. Assim, dou-lhes minha maior prova de amor: transformo-os em deleite culinário para que continuem a viver no meu corpo. De alguma maneira vivem em mim todas as coisas que comi. Sobre isso sabia muito bem o genial pintor Giuseppe Arcimboldo (1527-1593), que pintava os rostos das pessoas com os legumes, frutas e animais que se encontram nas bancas da feira. (Dê-se o prazer de ver as telas de Arcimboldo. Nas livrarias, coleção Taschen, mais ou menos quinze reais).

Meus pensamentos começam a teologar. Penso que Deus deve ter sido um artista brincalhão para inventar coisas tão incríveis para se comer. Penso mais: que ele foi gracioso. Deu-nos as coisas incompletas, cruas. Deixou-nos o prazer de inventar a culinária.

Comer é uma felicidade, se se tem fome. Todo mundo sabe disto. Até os ignorantes nenezinhos. Mas poucos são os que se dão conta de que felicidade maior que comer é cozinhar. Faz uns anos comecei a convidar alguns amigos para cozinharmos juntos, uma vez por semana. Eles chegavam lá pelas seis horas (acontecia na casa antiga onde hoje está o restaurante Dali). Cada noite um era o mestre cuca, escolhia o prato e dava as ordens. Os outros obedeciam alegremente. E aí começávamos a fazer as coisas comuns preliminares a cozinhar e comer: lavar, descascar, cortar — enquanto íamos ouvindo música, conversando, rindo, beliscando e bebericando. A comida ficava pronta lá pelas 11 da noite.

Ninguém tinha pressa. Não é por acaso que a palavra comer tenha sentido duplo. O prazer de comer, mesmo, não é muito demorado. Pode até ser muito rápido, como no McDonald’s. O que é demorado são os prazeres preliminares, arrastados — quanto mais demora maior é a fome, maior a alegria no gozo final. Bom seria se cozinha e sala de comer fossem integradas — os arquitetos que cuidem disso — para que os que vão comer pudessem participar também dos prazeres do cozinhar. Sábios são os japoneses que descobriram um jeito de pôr a cozinha em cima da mesa onde se come, de modo que cozinhar e comer ficam sendo uma mesma coisa. Pois é precisamente isto que é o sukiyaki, que fica mais gostoso se se usa kimono de samurai.

Quem pensa que a comida só faz matar a fome está redondamente enganado. Comer é muito perigoso. Porque quem cozinha é parente próximo das bruxas e dos magos. Cozinhar é feitiçaria, alquimia. E comer é ser enfeitiçado. Sabia disso Babette, artista que conhecia os segredos de produzir alegria pela comida. Ela sabia que, depois de comer, as pessoas não permanecem as mesmas. Coisas mágicas acontecem. E desconfiavam disso os endurecidos moradores daquela aldeola, que tinham medo de comer do banquete que Babette lhes preparara. Achavam que ela era uma bruxa e que o banquete era um ritual de feitiçaria. No que eles estavam certos. Que era feitiçaria, era mesmo. Só que não do tipo que eles imaginavam. Achavam que Babette iria por suas almas a perder. Não iriam para o céu. De fato, a feitiçaria aconteceu: sopa de tartaruga, cailles au sarcophage, vinhos maravilhosos, o prazer amaciando os sentimentos e pensamentos, as durezas e rugas do corpo sendo alisadas pelo paladar, as máscaras caindo, os rostos endurecidos ficando bonitos pelo riso, in vino veritas… Está tudo no filme A Festa de Babette. Terminado o banquete, já na rua, eles se dão as mãos numa grande roda e cantam como crianças… Perceberam, de repente, que o céu não se encontra depois que se morre. Ele acontece em raros momentos de magia e encantamento, quando a máscara-armadura que cobre o nosso rosto cai e nos tornamos crianças de novo. Bom seria se a magia da Festa de Babette pudesse ser repetida…