Transdisciplinaridade: Bom para exercitar a VISÃO “ALARGADA”

Multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade são palavras que designam relações entre as disciplinas, são formas diversas de articulações entre as diversas disciplinas.
Viriam do latim: ‘Inter’ = entre um e outro, entre dois, duplo; ‘multi’ = muitos, múltiplos, multiplicação, diversos; e ‘trans’ = transferência, transformação, trânsito.
De uma maneira muito geral, podemos dizer que:
Multidisciplinaridade – ocorreria uma justaposição entre disciplinas. Uma corrente de pesquisadores fala que seria mais uma integração de assuntos numa mesma disciplina, e que seria na pluridisciplinaridade  que ocorreria uma integração, com certa justaposição, entre disciplinas.
Interdisciplinaridade – haveria interação entre duas ou mais disciplinas. Aqui haveria uma integração teórica e prática na totalidade.
Transdisciplinaridade – não só as disciplinas interagem, como formam algo comum. Seria algo inerente a um tipo de pedagogia da educação.
Mas as três dizem respeito também aos profissionais que atuam com estas dinâmicas, eles necessitam estar capacitados para agirem de forma a tornar produtiva a ação entre disciplinas.
Na multidisciplinaridade se supõe profissionais com boa vontade para trabalhar temporariamente, ou em projetos pontuais, com outros profissionais de outras áreas.
Na interdisciplinaridade se supõe profissionais dispostos a trabalhar de maneira mais intensa e duradoura entre si, embora vindos de diferentes áreas de atuação.
Na transdiciplinaridade se supõe que profissionais, com formação interdisciplinar, trabalhem juntos em projetos permanentes ou longos.
Deve-se também destacar que disciplinas escolares e disciplinas do estudo científico não são necessariamente idênticas. Principalmente a primeira tem por função/meta difundir determinado conhecimento, enquanto a segunda estuda/produz este conhecimento. 
A necessidade de atuação em rede e do uso consciente da complexidade aumenta exponencialmente da ‘multi’ à ‘inter’, até ser imprescindível na ‘trans’.
E é também imprescindível uma atuação que contemple a contextualização de suas ações, e nisso a sustentabilidade e seus pilares tem que ser observada. (para isso também é útil se observar os métodos de atuação na História da Ciência.
Esta classificação, e sua discussão, estão estreitamente relacionadas com a criação das disciplinas no século XIX e com o fenômeno da especialização (no mesmo século) e a retomada, no século XX, de uma abordagem do todo que não perdia de vista suas partes.

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Mais e mais… Continue alargando a visão.  Continue a leitura.

Eu, ETIQUETA? Eu, ETIQUETA!!!!!! Eu, ETIQUETA…. Eu, ETIQUETA. EU???? Qual é a MINHA ETIQUETA?

EU, ETIQUETA


Em minha calça está grudado um nome

Que não é meu de batismo ou de cartório

Um nome… estranho.

Meu blusão traz lembrete de bebida

Que jamais pus na boca, nessa vida,

Em minha camiseta, a marca de cigarro

Que não fumo, até hoje não fumei.

Minhas meias falam de produtos

Que nunca experimentei

Mas são comunicados a meus pés.

Meu tênis é proclama colorido

De alguma coisa não provada

Por este provador de longa idade.

Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,

Minha gravata e cinto e escova e pente,

Meu copo, minha xícara,

Minha toalha de banho e sabonete,

Meu isso, meu aquilo.

Desde a cabeça ao bico dos sapatos,

São mensagens,

Letras falantes,

Gritos visuais,

Ordens de uso, abuso, reincidências.

Costume, hábito, permência,

Indispensabilidade,

E fazem de mim homem-anúncio itinerante,

Escravo da matéria anunciada.

Estou, estou na moda.

É duro andar na moda, ainda que a moda

Seja negar minha identidade,

Trocá-la por mil, açambarcando

Todas as marcas registradas,

Todos os logotipos do mercado.

Com que inocência demito-me de ser

Eu que antes era e me sabia

Tão diverso de outros, tão mim mesmo,

Ser pensante sentinte e solitário

Com outros seres diversos e conscientes

De sua humana, invencível condição.

Agora sou anúncio

Ora vulgar ora bizarro.

Em língua nacional ou em qualquer língua

(Qualquer principalmente.)

E nisto me comparo, tiro glória

De minha anulação.

Não sou – vê lá – anúncio contratado.

Eu é que mimosamente pago

Para anunciar, para vender

Em bares festas praias pérgulas piscinas,

E bem à vista exibo esta etiqueta

Global no corpo que desiste

De ser veste e sandália de uma essência

Tão viva, independente,

Que moda ou suborno algum a compromete.

Onde terei jogado fora

Meu gosto e capacidade de escolher,

Minhas idiossincrasias tão pessoais,

Tão minhas que no rosto se espelhavam

E cada gesto, cada olhar

Cada vinco da roupa

Sou gravado de forma universal,

Saio da estamparia, não de casa,

Da vitrine me tiram, recolocam,

Objeto pulsante mas objeto

Que se oferece como signo dos outros

Objetos estáticos, tarifados.

Por me ostentar assim, tão orgulhoso

De ser não eu, mas artigo industrial,

Peço que meu nome retifiquem.

Já não me convém o título de homem.

Meu nome novo é Coisa.

Eu sou a Coisa, coisamente.



Carlos Drummond de Andrade