Ontem fiquei intrigada e ao mesmo tempo
feliz, pois não podemos perder as esperanças e tão pouco julgar analisando um
contexto de um só lado. Confesso há tempos estou preocupada com a base familiar
e educacional das nossas crianças e adolescentes.
Eu e meu companheiro chegamos ao
pesqueiro em um bairro aqui perto para almoçarmos como algumas vezes fazemos. O
lugar é simples e fascinante. Em meio aos montes verdes, quatro lindos lagos
rodeados de patos, galinhas com seus pintinhos, gansos, marrecos, vacas,
cavalos e tantos outros animais em volta da mata.
Ao finalizarmos as refeições, apareceu um
garoto com idade entre 10 e 12 anos no máximo, com uma bolsa térmica cheia de
gelinho, geladinho ou sacolé. Normalmente eu não compro, mas ontem foi diferente,
pensei caramba esse menino subindo e descendo essas ladeiras nesse sol quente?
Deveria estar precisando muito, o
ajudarei. E enquanto ele separava o gelinho de limão e abacaxi nós íamos
conversando. Perguntei, você mora por aqui? Imaginando que o jovem morava no
vilarejo que tínhamos passado para chegar até ali e ele respondeu moro. E assim
continuei, você vendeu muito hoje e o menino disse que tinha vendido algumas
unidades. Eu imaginei ele ali brincando e pescando com os meninos da sua idade
e idealizei como seria a sua família humilde e se teria ou não irmãos…
Eu meio desconfiada sobre o gosto
daqueles gelinhos, afinal custava somente R$ 0,50 realizei o pagamento e
agradeci. Ele disse tchau, o meu avó é
dono daqui, por isso moro aqui perto e foi descendo a ladeira com os seus sacolés…
Fiquei com a boca aberta, pensando sobre
os meus “pré-conceitos”, sobre as quebras dos paradigmas, sobre a
importância do respeito, da base familiar, do espírito empreededor, do
aprendizado baseado em projetos, em problemas, aproveitamento dos recursos e do
empreender na escola.
O menino poderia ser pobre, mas não era,
poderia ser um jovem mimado e acomodado por ser herdeiro daquele grande
empreendimento, porém não era, precisaria estar com aquela bermuda velha e camiseta,
mas estava. Poderia muitas coisas naquela momento, contudo estava ali
empreendendo. E o gelinho era tão gostoso que depois ainda pedimos mais 4 para
levar.
Fiquei admirando o menino… E a nossa
melhor pescaria naquela tarde foi a descoberta e a compra do gelinho dele. É
bem provável que um dia ele seja um empresário bem sucedido. Eu sou a Zezé, mas
poderia ser o João, a Carla, a Paula, o Anderson, a Rafaela, o Lino e ou a Da
Fé…
Você já percebeu como as mais
diversas histórias, seja de livros ou de filmes, tem certos elementos básicos
que, de uma forma ou de outra, estão quase sempre presentes? Pois é, mas esses
padrões vão além da cultura pop, e acontecem nas mais diversas mitologias
de povos ao redor de todo o planeta. Joseph Campbell, um famoso
estudioso dos mitos, percebeu isso e detalhou esses padrões em seu livro O
Herói de Mil Faces. Por mais diferente que seja a cultura, os heróis
mitológicos passam por situações parecidas, o chamado à aventura, a recusa do
chamado, e mais diversas outras fases, e se relacionam com outros personagens
que vestem as máscaras de arquétipos como o mentor, o sombra, e tantos outros.
Com base em todo o estudo de Campbell
e em sua experiência em Hollywood, Christopher Vogler escreveu
um pequeno guia que acabou se tornando muito popular, no qual apresentava o
mitologema do herói de um modo mais palatável e metodizado para criação de
histórias, tanto áudio-visuais quanto escritas. Tempos depois esse material foi
ampliado e deu origem o livro A Jornada do Escritor, obra de grande
importância para qualquer pessoa que tenha interesse por escrita criativa.
O livro estava esgotado no Brasil e
acaba de ser relançado pela Editora Aleph, como de costume numa
belíssima edição, gostosa de ler e ótima para eventuais consultas, e muito bem
diagramada. Considero esse ponto essencial para uma obra repleta de diagramas e
gráficos, como é o caso. Mas, porque ler um livro que ensina como contar sua
história? Não seria melhor contá-la do seu jeito? Bem, sim. E não.
Veja bem, a Jornada do Herói está
presente na maioria das histórias, mas nem sempre do modo mais clássico como
foi descrita. Um exemplo desse modo mais ao pé da letra são os filmes de Star
Wars (George Lucas, aliás, era amigo de Campbell), onde temos o herói
relutante (Luke) que acaba se envolvendo numa aventura com o auxílio de um
mentor (Obi-Wan), e a partir daí todas as situações se desenrolam o mais perto
da estrutura clássica da jornada. O grande lance é conhecer de forma mais bem
definida esses padrões, o nome que se dá aos tipos de personagens, chamados
de arquétipos, quando e onde eles foram utilizados e tudo mais.
Estar por dentro dos meandros da Jornada do Herói é uma grande ferramenta,
tanto para quem quer utilizá-la diretamente, quanto para quem quer usá-la como
base para traçar caminhos diferentes.
A Jornada do Herói de Campbell, até
mesmo por se tratar de um livro com teor mais acadêmico, é composto de mais
etapas, 19 para ser mais exato. Vogler nos apresenta uma estrutura de 12 etapas
dividas em três atos, mas para os que possam se preocupar se isso os limitaria
de alguma maneira, é bom lembrar que a jornada é uma forma, nunca uma fórmula,
como ele próprio diz. Na primeira parte do livro temos a definição da jornada,
assim como a descrição e explicação dos principais arquétipos, a saber: herói,
mentor, guardião de limiar, arauto, camaleão, sombra, aliado e pícaro. Aqui
aprendemos como esses personagens se comportam, e também que um personagem pode
representar mais de um arquétipo no decorrer da história.
Na segunda parte temos o detalhamento
de cada um dos 12 passos da jornada, que são:
O mundo comum;
Chamado à aventura;
Recusa do chamado;
Encontro com o mentor;
A travessia do primeiro limiar;
Provas, aliados e inimigos;
Aproximação da caverna secreta;
A provação;
A recompensa;
O caminho de volta;
A ressurreição;
Retorno com o elixir;
Mesmo se você não conhecer os
arquétipos e as etapas da jornada, já dá pra imaginar bastante coisa pelos
nomes, não? Eu garanto que conhecer isso tudo a fundo é muito interessante e
útil na criação de qualquer história, mesmo que você não use esses conhecimentos
num nível consciente, os conceitos estarão sempre presentes, e num momento de
indecisão ou quando a trama chegar num ponto sem aparente solução,
analisar sua história usando os preceitos de Vogler pode ser muito útil.
E não se preocupe, o livro não é
chato, extremamente teórico ou de leitura difícil. Vogler explica
pacientemente, a leitura flui muito bem, e por todo percurso do livro os
conceitos são explicado e explorados usando obras da cultura pop que vão de
Star Wars a Pulp Fiction, que você já deve conhecer. Se não conhecer,
tome um tempo para consumir algumas dessas coisas depois de ler o livro, e
assista com o olhos de quem já conhece a jornada, é uma experiência bastante
interessante.
O historiador, filósofo e autor dos best-sellers “Sapiens: Uma Breve História da Humanidade”, “Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã” e “21 Lições para o Século 21” está entre os mais lidos desde 2014. Ele é recomendado por personalidades como Barack Obama, Bill Gates e Mark Zuckerberg.
Organizado pelas Professoras Veronica Molina e Patrícia Vieira, o I Congresso Online de Metodologias Ativas será transmitido via hangouts e youtube e tem como objetivo aproximar os profissionais da educação que utilizam técnicas diferenciadas como estratégias pedagógicas dentro da sala de aula, possibilitando a troca de experiências a partir da apresentação das conquistas e dos desafios enfrentados ao decorrer do processo de ensino-aprendizagem.
Com estas ações o Congresso pretende aumentar a rede de professores que conhecem as metodologias ativas e incentivam o protagonismo do aluno na busca pelo conhecimento mediante o emprego da aprendizagem significativa.
O Congresso ocorrerá nos dias 9, 10 e 11 de setembro de 2019, via online.
Serão ministradas palestras de 25-30 minutos e 20 minutos de mediação. Essas palestras ficarão gravadas no canal do youtubeICONONMETA
A cada dia teremos como abertura do dia uma palestra ministrada pelas organizadoras e uma palestra de um convidado.
Metodologia peer instruction: contribuições para o ensino-aprendizagem e para a formação profissional, artigo de autoria das Professoras Patrícia Vieira, Claudete Bezerra dos Santos Canadá e Maria Auxiliadora Fontana
O mundo está em constante mudança e em
diversos aspectos, como econômico, social, cultural, ambiental, educacional.
Deste modo, faz-se necessário que o ensino e a aprendizagem sejam adequados ao
panorama contemporâneo.
O processo de transmissão do conhecimento,
que ocorria verticalmente dos pais para os filhos, do artesão para o seu
auxiliar transformou-se com as novas relações sociais, sobretudo a partir da
Revolução Digital, o que evoca um novo papel do professor no processo de
ensino-aprendizagem, por meio de técnicas e metodologias diversas que valorizam
o protagonismo do aluno e colocam o professor como um mediador e incentivador
pela busca do conhecimento.
Para atender as demandas atuais de
ensino-aprendizagem, da formação de alunos dinâmicos e críticos, para que se
tornem profissionais competentes e comprometidos, faz-se necessária uma
formação mais ativa, que proporcione, no processo da busca pelo saber, a
identificação do estudante com a metodologia de ensino e o conhecimento que
será construído em sala de aula, ao considerar a interdisciplinaridade no
processo formativo, uma vez que as organizações cada vez mais trabalham com
equipes multidisciplinares e profissionais com múltiplos saberes.
Outra vertente importante a ser considerada no processo de ensino-aprendizagem é a busca do docente pela criação de estratégias pedagógicas que estimulem os discentes a aumentarem o grau de comprometimento com os estudos, a melhoria da comunicação verbal e escrita, com ênfase nas relações interpessoais, dentro e fora do ambiente escolar. Com essas ações, almeja-se que os estudantes tenham acesso a possibilidades que corroborem com a melhoria do entendimento das disciplinas e, consequentemente, das práticas profissionais. Nesse sentido, as metodologias ativas, que têm como base o ensino centrado no discente, surgem como uma ferramenta estratégica para a dinamização das aulas.
À luz dos autores Eric Mazur, Elenice Engel e João Mattar ao abordarem a Peer Instruction, José Moran e Lilian Bacich com as metodologias ativas, Ivani Fazenda e Edgar Morin com a interdisciplinaridade, e, após a análise dos casos, foi possível evidenciar as principais contribuições das metodologias para a formação pessoal e profissional dos discentes de nível superior.
Peer Instruction: a abordagem interdisciplinar da instrução por pares
Apesar de algumas instituições de ensino
intitularem as metodologias ativas como recurso inovador, muitos teóricos já
defendiam a aprendizagem ativa anteriormente, como o norte-americano John Dewey
(1859 –1952) e o brasileiro Anísio Teixeira (1900–1971), com a reconstrução e
reorganização da experiência. Também foram pensadas por Jean Piaget, com a
ideia de desequilíbrio cognitivo para alcance do conhecimento (1896 –1980), por Lev Semionovich Vygotsky com o
sociointeracionismo (1896 –1934), Carl Rogers com ensino centrado no aluno
(1902 –1987) e Paulo Freire com a abordagem sociocultural e em resistência à
educação bancária (1921- 1997).
A metodologia ativa pode ser concebida como uma educação que pressupõe a atividade (ao contrário da passividade) por parte dos alunos (MATTAR, 2017, p.21). Pode-se caracterizar metodologias ativas como as estratégias de ensino que levam os discentes para o centro do processo de ensino-aprendizagem, ou seja, eles passam a ser os protagonistas da construção do conhecimento. Para Moran (2018, p.4), “metodologias ativas são estratégias de ensino centradas na participação efetiva dos estudantes na construção do processo de aprendizagem, de forma flexível, interligada e híbrida”. De acordo com Santos:
o objetivo é impulsionar a abertura para a autonomia do aluno em relação ao seu aprendizado que passa ser o aprendente e é estimulado a apresentar seu conhecimento prévio, refletir sobre o tema proposto e buscar bibliografias complementares para construir novas ressignificações. (2018, p.187).
Assim os
processos que tendem a estimular o aprender a aprender dos alunos remetem ao
aprendizado ativo.
A Peer
Instruction ou instrução em pares foi uma metodologia desenvolvida pelo
professor Eric Mazur, da Universidade de Harvard, em 1991, e tem como base
aferir o entendimento dos alunos sobre os conteúdos estudados de forma imediata
com o propósito de sanar as dúvidas. A proposta foi implantada nas turmas de
introdução à Física nos cursos de graduação em ciências e engenharias, porque
os seus alunos não conseguiam resolver os problemas práticos, mas dedicavam-se
a resolver exercícios propostos em livros e provas. De acordo com Mattar:
A peer instruction (ou instrução por pares), apesar de ser considerada um tipo de sala de aula invertida, merece ser tratada separadamente, tanto por desenvolver uma metodologia específica e sistemática e medir continuamente seus resultados, quanto porque propõe o conceito e a prática de alunos ensinarem e aprenderem de seus colegas. (2017, p.41).
Seguindo a
premissa das metodologias ativas, a instrução em pares tira o professor do
centro do processo de ensino-aprendizagem, posicionando o aluno neste lugar,
uma vez que os alunos trocam e constroem o conhecimento e alimentam
positivamente as relações interpessoais. Abaixo apresentam-se as fases desta
metodologia:
Caso a maioria
dos estudantes escolha a resposta correta do teste conceitual, a aula prossegue
para o próximo tópico. Porém, se a porcentagem de respostas corretas for baixa
(menos 30%), o mesmo tópico deve ser ensinado com mais detalhes e deverá ser
uma nova avaliação com outro teste conceitual (MAZUR, 2015).
Ao estudar a instrução por pares, retomamos o princípio sociointeracionista de Vygotsky, citado por La Taille, Oliveira e Dantas (1992, p.24):
Vygotsky tem como um de seus pressupostos básicos a ideia de que o ser humano constitui-se enquanto tal na sua relação com o outro social. A cultura torna-se parte da natureza humana num processo histórico que, ao longo do desenvolvimento da espécie e do indivíduo, molda o funcionamento psicológico do homem.
Os alunos constroem o conhecimento a partir das interações sociais no meio em que estão inseridos, ou seja, há troca de saberes na sala de aula, o que valida a perspectiva interdisciplinar do aprendizado. Para Fazenda, a sala de aula é um ambiente propício para a interdisciplinaridade:
A sala de aula é lugar onde a interdisciplinaridade habita. Em nossa pesquisa verificamos que o elemento que diferencia uma sala de aula interdisciplinar de outra não interdisciplinar é a ordem e o rigor travestido de uma nova ordem e de um novo rigor [...] Numa sala de aula interdisciplinar a autoridade é conquistada, enquanto que na outra é simplesmente outorgada. Numa sala de aula interdisciplinar a obrigação é alternada pela satisfação; a arrogância, pela humildade; e a solidão pela cooperação; a especialização, pela generalidade; o grupo homogêneo, pelo heterogêneo; a reprodução, pela produção do conhecimento (FAZENDA, 2016, p.85 e 86).
As afirmações da
autora tratam da interdisciplinaridade e apresentam algumas intersecções com as
metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem e, em especial, com a Peer Instruction, uma vez que essa
metodologia ativa, além de objetivar o aprendizado, possibilita a melhoria das
relações interpessoais por meio do processo colaborativo entre os alunos com a
mediação do professor.
Ao analisar o contexto interdisciplinar que envolve o processo de ensino, Morin alerta-nos sobre os prejuízos na fragmentação das disciplinas diante da complexidade dos fenômenos:
Efetuaram-se progressos gigantescos nos conhecimentos no âmbito das
especializações disciplinares, durante o século XX.Porém, estes progressos estão dispersos, desunidos, devido justamente à especialização que muitas vezes fragmenta os contextos, as globalidades e as complexidades. Por isso, enormes obstáculos somam-se para impedir o exercício do conhecimento pertinente no próprio seio de nossos sistemas de ensino.[...] Estes sistemas provocam a disjunção entre as humanidades e as ciências, assim como a separação das ciências em disciplinas hiperespecializadas, fechadas em si mesmas (MORIN, 2000, p.40).
Os problemas são
complexos e a formação dos estudantes deve possibilitar o desenvolvimento da
inteligência geral, o que não ocorre com a aprendizagem fragmentada, que
dificulta a resolução de problemas especiais.
Contribuições da Peer Instruction no processo de ensino- aprendizagem
As metodologias
ativas não são novas, contudo a expressão teve aumento significativo em seu uso
nos últimos tempos. No Google Acadêmico, até o ano 2000, são encontradas apenas
14 citações e, de 2001 até 2016, há um crescimento de 7 para 1.310 citações
(MATTAR, 2017). Com a Peer Instruction,
não é diferente, entre os anos de 2001 e 2017, aparecem 54 citações da
expressão em títulos no Google Acadêmico e, desse total, 19 artigos foram inseridos
em 2017.
No Brasil,
algumas instituições de ensino superior trabalham com a Peer Instruction, porém, neste artigo, cita-se o Centro
Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL -, que fez a implantação da
metodologia em 2012, e a Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, em
Criciúma, que, a partir da publicação do livro
O Saber e o Fazer dos Docentesno
Âmbito da UNESC (2017), socializou as práticas pedagógicas e divulgou um
estudo sobre a utilização dessa metodologia no curso de Tecnologia em Gestão
Comercial.
Peer Instruction não apenasno processo de ensino-aprendizagem, mas também na vida profissional. Ao
instigar o aluno a fazer a leitura e o estudo do material a ser discutido em
aula, ao anotar as dúvidas e consolidar as relações interpessoais, aprende
lidar com o outro, a convencer o colega ou um grupo de que sua resposta está
certa, o que não é simples, requer pesquisa e fundamentação.
Sabe-se que, além do conhecimento, habilidade e atitude, as organizações necessitam de colaboradores que se comuniquem com os stakeholders de maneira assertiva e produtiva. Não basta o conhecimento técnico e teórico, os funcionários precisam interagir em meio às situações que muitas vezes são adversas, com resolutividade, assim o ambiente escolar pode ser visto como um espaço crítico-criativo que possibilita o aperfeiçoamento e o preparo desse discente para o mercado de trabalho em meio aos erros e acertos. Nesse cenário, as metodologias ativas tornam-se estratégias profícuas para oferecer ao aluno um movimento de pensamento, de sentimento e de ação para solucionar questões da vida prática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do
presente estudo, que não tem a intenção de esgotar o tema, foram constatados
aspectos positivos com a utilização da metodologia Peer Instruction, tais como o aumento da autonomia do aluno, que,
em um primeiro momento, pode estudar de forma mais autodidata, ou seja, na
pré-aula o discente fica encarregado de realizar a leitura inicial e fazer o
teste de leitura e, nas demais fases da utilização da metodologia, conta com o
professor como mediador, além da construção do conhecimento de forma
colaborativa com os seus pares, competências bastante relevantes para a vida
profissional.
Outro aspecto
importante a ser considerado é a mudança significativa na forma como as aulas
são preparadas e os conteúdos são ministrados pelos docentes, tendo em vista
que o material é disponibilizado com antecedência e cabe ao professor criar
mecanismos para que a aula não se torne um processo de mera leitura e repetição
do que está no livro e nas notas de aula. Nesse sentido, aprende tanto o aluno
quanto o professor, em um contínuo movimento de pesquisa e troca.
BACHIC, Lilian Bacich; MORAN, José. Metodologias Ativas para uma educação
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Por que motivo as crianças, de modo geral, são poetas e, com o tempo, deixam de sê-lo?
Será a poesia um estado de infância relacionada com a necessidade de jogo, a ausência de conhecimento livresco, a despreocupação com os mandamentos práticos de viver – estado de pureza da mente, em suma?
Acho que é um pouco de tudo isso, se ela encontra expressão cândida na meninice, pode expandir-se pelo tempo afora, conciliada com a experiência, o senso crítico, a consciência estética dos que compõem ou absorvem poesia.
Mas, se o adulto, na maioria dos casos, perde essa comunhão com a poesia, não estará na escola, mais do que em qualquer outra instituição social, o elemento corrosivo do instinto poético da infância, que vai fenecendo, à proporção que o estudo Sistemático se desenvolve, ate desaparecer no homem feito e preparado supostamente para a vida?
Receio que sim.
A escola enche o menino de matemática, de geografia, de linguagem, sem, via de regra, fazê-lo através da poesia da matemática, da geografia, da linguagem.
A escola não repara em seu ser poético, não o atende em sua capacidade de viver poeticamente o conhecimento e o mundo. Sei que se consome poesia nas salas de aula, que se decoram versos e se estimulam pequenas declamadoras, mas será isso cultivar o núcleo poético da pessoa humana?
Oh, afastem, por favor, a suspeita de que estou acalentando a intenção criminosa de formar milhões de poetinhas nos bancos da escola maternal e do curso primário.
Não pretendo nada disto, e acho mesmo que o uso da escrita poética na idade adulta costuma degenerar em abuso que nada tem a ver com a poesia.
Fazem-se demasiados versos vazios daquela centelha que distingue uma linha de poesia, de uma linha de prosa, ambas preenchidas com palavras da mesma língua, da mesma época, do mesmo grupo cultural, mas tão diferentes.
Se há inflação de poetas significantes, faltam amadores de poesia – e amar a poesia é forma de praticá-la, recriando-a.
O que eu pediria à escola, se não me faltassem luzes pedagógicas, era considerar a poesia como primeira visão direta das coisas e, depois, como veículo de informação prática e teórica, preservando em cada aluno o fundo mágico, lúdico, intuitivo e criativo, que se identifica basicamente com a sensibilidade poética.
Não seria talvez despropositado cuidar de uma extensão poética das escolinhas de arte, esta ideia maravilhosa que Augusto Rodrigues tirou de sua formação humana de artista para a realidade brasileira. Longe de ser uma fábrica alarmante de versejadores infantis, essa extensão, curso ou atividade autônoma, ou que nome lhe coubesse, daria à criança condições de expressar sua maneira de ver e curtir a relação poética entre o ser e as coisas. Projeto de educação para a poesia (fala-se hoje em educação artística no ensino médio, quando o mais razoável seria dizer educação pela arte).
A vocação poética teria aí uma largada franca, as experiências criativas gozariam de clima favorável sem que tal importasse na obrigação de alcançar resultados concretos mensuráveis em nível escolar.
Sei de casos em que um engenheiro, por exemplo, aos 30, 40 anos, descobre a existência da poesia…
Não poderia tê-la descoberto mais cedo, encontrando-a em si mesmo, quando ela se manifestava em brinquedos, improvisações aparentemente absurdas, rabiscos, achados verbais, exclamações, gestos gratuitos?
Alguma coisa que se bolasse nesse sentido, no campo da Educação, valeria como corretivo prévio da aridez com que se costuma transcrever os destinos profissionais, murados na especialização, na ignorância do prazer estético, na tristeza de encarar a vida como dever pontilhado de tédio.
E a arte, como a educação e tudo o mais, que fim mais alto pode ter em mira senão este, de contribuir para a educação do ser humano à vida, o que, numa palavra, se chama felicidade?
(Transcrito do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro – RJ, 20.07.74)
O Projeto Encontros Essenciais: Pais & Filhos virou manchete no Personare, no Jornal “O Metrô” e no site MSN, garantindo a ampliação de espaços para ampla reflexão e orientação das famílias e dos educadores que compõem as comunidades escolares no Brasil, além de um poderoso desafio.
Como tudo começou…
Ao longo da
minha jornada acadêmica e profissional, as incessantes inquietações e incômodos
têm demonstrado a incompletude profissional no enfrentamento de várias
indagações, fato que revela que sozinhos não respondemos às
questões postas na sociedade no que se refere à Educação.
As inspirações para criação deste projeto como um novo design surgiram das observações referentes
à baixa qualidade dos resultados das reuniões escolares destinadas aos pais e
responsáveis e da necessidade de aproximação, entendimento e cooperação entre pais,
professores e consequentemente dos filhos e alunos, no sentido de refletirem e
redefinirem, num contexto colaborativo, os caminhos da verdadeira educação.
A experiência tomou corpo… Foram muitos workshops com pais
e filhos, inclusive… As ideias foram publicadas no livro Coaching Familiar –
Educação de Filhos e Soluções de Conflitos. Nesta obra publicada pela Literare
Books, além de assinar o artigo que apresenta questões relevantes para a
mudança de mindset das escolas em relação ao acolhimento dos pais, mãe e
responsáveis, bem como das próprias famílias que podem propor novidades na
forma e no conteúdo promovido pelas escolas.
Ampliando o conteúdo sempre com foco na aprendizagem e melhoria no Relacionamento Familiar, a Literare Books em parceria com o site Personare me convida para escrever artigo sobre Relações familiares: Aprenda cinco passos que farão toda a diferença. , que agora lhe convido à leitura do mesmo, já publicado em três sites de ampla divulgação.
Desejando realizar palestras ou implantar o projeto na sua instituição, entre em contato diretamente com Graça Santos, autora do capitulo Coaching Familiar: Como promover encontros essenciais pais & filhos e Coordenadora Editorial da obra.
Para adquirir o livro, procure as melhores livrarias.
Na ideação do Curso Livre QUESTÕES URGENTES NA EDUCAÇÃO – NEUROCIÊNCIAS E COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS, são apresentadas questões conceituais e práticas das Habilidades Socioemocionais alinhadas as Neurociências em sala de aula. As questões são importantes para colaborar para o entendimento das funções dos pilares emocionais dentro da educação e do aprendizado.
Que competências socioemocionais precisam ser desenvolvidas? Como deve ser a formação dos professores para lidar com esse desafio? Que cuidados são necessários na avaliação? O desenvolvimento intencional de capacidades que extrapolam os conteúdos cognitivos ainda suscita muitas perguntas entre gestores e profissionais de educação. O que preciso saber sobre Neurociências?
Para encontrar respostas a essas indagações, pesquisadores, professores, empreendedores, gestores e alunos debateram questões conceituais e práticas relacionadas ao tema e construíram uma série de recomendações para orientar o trabalho com as competências socioemocionais, o que resultou no documento elaborado pelo Global Education Leaders’ Program Brasil, que será remixado na cocriação da prototipação do curso para professores e educadores que desejam protagonizar um novo design na formação continuada de profissionais que interage com teoria e prática, em um ensino reflexivo, baseado no processo de reflexão-na-ação.
OBJETIVOS>>
Conhecer as Bases da Neurociência Cognitiva;
Compreender como o cérebro aprende e compreende;
Entender o processo de conversação com o cérebro do aprendiz;
Apreender o processo de ensinar para a capacidade cognitiva e para a memória efetiva;
Conhecer o processo de aprendizagem neurocientífica;
Vivenciar uma reflexão profunda sobre atitudes e habilidades que permitem ao indivíduo enfrentar os desafios do século XXI;
Conhecer a Teoria dos Big Five que organiza as competências socioemocionais em cinco dimensões: Abertura a novas experiências (tendência a ser aberto a novas experiências estéticas, culturais e intelectuais); Consciência (inclinação a ser organizado, esforçado e responsável); Extroversão (orientação de interesses e energia em direção ao mundo externo, pessoas e coisas); Amabilidade (tendência a agir de modo cooperativo e não egoísta); Estabilidade Emocional (previsibilidade e consistência de reações emocionais, sem mudanças bruscas de humor);
Conhecer o Partners for 21st Century Skills (Parceiros para Habilidades do Século 21) que relaciona uma série de competências para que jovens possam ser bem sucedidos na universidade, na carreira e na vida.