Arquivar outubro 5, 2010

ESCRITA APROXIMA CORAÇÕES


Projeto implantado em uma Escola da Estrutural está revolucionando a vida dos alunos

Leilane Menezes

Projeto implantado em uma Escola da Estrutural está revolucionando a vida dos alunos. Eles são incentivados a escrever cartas, não importa para quem — e o resultado tem se traduzido em melhora no relacionamento entre os estudantes e no resgate de valores familiares…Continue lendo, clique AQUI!

Os Quatro Pilares da Liderança para Século XXI

A nova economia exige um novo perfil de liderança. Cai o gerente e nasce o líder. Substitui-se a imposição pela persuasão, a carreira pela missão,os objetivos pela visão compartilhada, o medo pela confiança e a individualidade pelo espírito de equipe.

Em tempos de mudanças constantes e aceleradas os novos líderes devem ser adaptáveis e flexíveis, mas sem perder a essência. É como a água, se colocada no copo, toma a forma de um copo, se numa bacia, também acompanha o mesmo formato, mas nunca deixa de ser a água.
A nova liderança está baseada em quatro pilares:

O primeiro é a Visão Compartilhada.

A equipe deve se sentir parte da visão de futuro e principalmente estar consciente que está participando da construção da ponte que leva o presente ao futuro. O líder que consegue engajar seu time nessa visão, já alcançou 50% do caminho para o sucesso.
A visão compartilhada é o maior de todos os incentivos, pois desperta nas equipes o sentimento de comprometimento, o que mais o empresário deseja ter de seus colaboradores. Mas porque as pessoas não se comprometem facilmente com a vida da empresa? Por que não se sentem construtores do futuro !
O líder deve ter 80% do seu tempo no futuro e 20% no presente, enquanto sua equipe é justamente ao contrário. Mas mesmo que a equipe esteja 80% no presente, ela deve ter a plena consciência para onde está indo, o que se espera dela e quais serão suas recompensas no futuro. Este é o primeiro desafio da nova liderança.

O segundo pilar é baseado na Inteligência Emocional.

A capacidade técnica de um líder representa 20% do seu sucesso, os outros 80% estão em suas competências intrapessoais e interpessoais.

A sua inteligência intrapessoal se resume na capacidade que o líder tem em lidar com suas próprias emoções; reconhece-las, controlar os impulsos negativos e ter facilidades em superar momentos difíceis, além de ter iniciativa, boa adaptabilidade e acima de tudo otimismo.

Já sua competência interpessoal, está baseada em sua capacidade de influenciar pessoas, criar empatia se colocando no lugar delas. Esta competência também exige que o líder goste de pessoas e descubra os seus talentos mais latentes. Em alguns casos é como petróleo, o líder precisará cavar fundo para encontrar o valor.

Esta competência é altamente desafiante, pois além de tudo, o líder tem que inspirar seu time e muitas vezes gerenciar conflitos.

O terceiro pilar é o conhecimento profundo do seu negócio e o entendimento das forças que o influenciam

Esta etapa é essencial para o sucesso na liderança. Sem o domínio do conhecimento de seu negócio, o líder dá vazão para tomada de decisões equivocadas e terá grandes dificuldades de comandar a sua equipe.
Ele deve não só conhecer o seu negócio, como também todas as forças que possam influenciar seus resultados, tanto internas; pessoas, processos, novos produtos, custos etc. Como as externas; mercado, fornecedores, concorrência, clientes.

Esta nova liderança exige que o líder conheça seu negócio, mas isso não significa que ele deva ficar totalmente voltado para ele, e sim para o como seu empreendimento poderá superar as expectativas do mercado. Muitas vezes o líder precisa desaprender sobre as regras que mantém seu negócio para aprender o que li garantirá o futuro. E esta visão, misturada com a agilidade é que manterá as empresas vivas no futuro.

O quarto pilar se baseia na inteligência espiritual do líder

A mentira, a falta de fé e de ética não tem espaço na nova liderança. Os colaboradores seguirão líderes confiáveis, transparentes e que acima de tudo são justos e de personalidade magnética. E este magnetismo só é alcançado por líderes que têm fé na vida e em Deus.

A inteligência espiritual está acima da religião, não exige dogmas, apenas serenidade, pois consiste em respeitar a vida, o meio ambiente, os seres vivos e estar em constante equilíbrio e harmonia como o todo.

A nova liderança é baseada em líderes íntegros e conscientes de sua missão, seus colaboradores devem se sentir tranqüilos, pois o novo líder irradiar paz.


Marcelo de Almeida

Reiki, uma boa nova

Hoje sou INICIADA EM REIKI, e aqui com gratidão, compartilharei minhas passagens na busca do reencontro do meu CORAÇÃO, por meio do REIKI (Sistema Usui de Cura Natural, e divulgarei os CINCO PRECEITOS DO REIKI. 1 – Só por hoje, não se preocupe. 2- Só por hoje, não se irrite. 3 – Honre os seus pais, professores e anciãos. 4 – Ganhe sua vida honestamente. 5 – Mostre gratidão por tudo o que é vivo.

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Pedagogia que funciona

Pedagogia que funciona

Essa ideia um tanto radical pode ser uma saída. Pelo menos para as pessoas que não tenham sadismo no currículo.

Se a vida de um peixinho dependesse do seu bom senso na hora de lavar as mãos você usaria menos água? Acho que a maioria das pessoas pensaria mais…

Enquanto a água escorre, o peixinho fica com cada vez menos água no aquário. A sorte é que o designer Yan Lu não é tão malvado quanto parece – assim que a torneira é fechada, um sistema bombeia água novamente para o aquário, salvando o peixinho.

Essa é pra fazer pensar sobre um consumo mais consciente.

Referência

Energia Eficiente

Brasil lidera o ranking de abandono escolar no Mercosul, aponta IBGE

PARANÁ APRENDE COM A UNIVERSIDADE DO PROFESSOR – A cada semana, cerca de 900 professores de todo o estado fazem curso, em regime de IMERSÃO

(Isto já acontecia em 1996…no Paraná, e aqui no RIo de Janeiro….Que vazio, eu sinto.) GS

Uma tentativa de reflexão mais profunda sobre a forma dos currículos, a formação dos professores e a burocracia governamental envolvendo a educação começa a se consolidar e provocar polêmicas no Paraná. Mais precisamente no distrito de Faxinal do Céu, município de Pinhão, no sul do estado. É lá que fica a Universidade do Professor, um projeto do governo estadual para reciclagem e aperfeiçoamento dos professores da rede estadual, dentro de um programa de valorização do magistério. Localizado dentro da vila dos funcionários da usina hidrelétrica de Foz do Areia, a Universidade do Professor é uma espécie de grande fórum de discussões do ensino. A cada semana, cerca de novecentos professores de todo o estado passam uma semana inteira em Faxinal, no chamado regime de imersão, onde entre outras coisas trocam experiências pedagógicas. Essas outras coisas incluem uma overdose de informação cultural: participam de palestras sobre filosofia, literatura e pintura, assistem filmes, óperas, peças de teatro e concertos de música erudita, onde têm oportunidade de tomar contato com alguns dos melhores especialistas dessas áreas no País, como o escritor e memorialista Antônio Carlos Villaça, o filósofo Cláudio Ulpiano, o escritor, ensaísta e tradutor Marco Lucchesi (autor da tradução do último livro do supererudito escritor italiano Umberto Eco, que elogiou pessoalmente o trabalho), a escritora Marina Colassanti, e a atriz NataliaThimberg. AGUÇAR A CURIOSIDADE O conceito aplicado em Faxinal é o da educação através da arte, que abre horizontes e aguça curiosidades. Durante essa imersão de uma semana, tudo é informação voltada ao estímulo da sensibilidade artística. As ruas da vila têm nomes de escritores, compositores, artistas e filósofos (rua Cecília Meireles, praça Os Lusíadas, Quadra da Filosofia). Durante o almoço, ouve-se música erudita, em geral clássica ou barroca ou ainda jazz e MPB de boa qualidade. Antes do início de uma palestra, os participantes assistem a vídeos, que podem ser tanto um documentário sobre o Museu do Louvre, quanto o filme “Fantasia”, clássico do desenho animado de Walt Disney ou ainda o musical “Sinatra Suite”, em que o bailarino Mikhail Barishnikov dança ao som de clássicos cantados por Frank Sinatra. Em vez de tratar de pedagogia ou cursos de treinamento, o projeto tenta melhorar a cultura geral dos participantes, usando arte para praticamente tudo. Um exemplo prático: em vez de discutir a inveja e o ciúme através de moldes psicológicos, usa-se o “Othello”, de Shakespeare, através da ópera de Verdi ou o filme de Franco Zefirelli. Muitos participantes podem estar assistindo pela primeira vez a uma ópera. O que um professor aprende em Faxinal não é teoria pedagógica ou receitas para fazer uma aula melhor, mas “uma reflexão profunda sobre a problemática do professor, como ponto central da educação”, explica Arthur Pereira e Oliveira Filho, coordenador-geral dos Seminários de Educação Avançada, que é o nome completo do que se faz na Universidade do Professor. “O que procuramos é despertar no professor uma reflexão dele como pessoa e na sua função estratégica de educar crianças”, acrescenta. Graduado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com pós-graduações na França, Finlândia e Canadá, Arthur começou a exercitar suas teorias sobre educação em 1974, quando era secretário executivo de um programa de capacitação de executivos da Brascan, e aplicou um programa de treinamento que aprendeu na University of Western Ontário, no Canadá. A partir disso, criou uma empresa, o Centro de Educação Gerencial Avançada, que passou a dar treinamento para executivos de grandes companhias, como Souza Cruz, Alcan, Alcoa, Eletrobrás, Banco Real, Bamerindus, Shell e grupo Monteiro Aranha.’ “Mais dúvidas, melhores perguntas, desejo de aprender e de ampliar a consciência da própria ignorância”, diz Arthur, resumindo as teorias de John Nicholson, um professor canadense que inspirou os seminários. Os cursos terminaram em 1980, quando Arhtur Pereira foi ser consultor da Organização dos Estados Americanos. De volta ao Brasil em 1986, reiniciou os seminários, e algum tempo depois conheceu o então prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, que mandou todo o seu secretariado para cursos no Centro, que já funcionava em Petrópolis, numa confortável chácara de Arthur, que já pertenceu a Carlos Lacerda. No ano passado, já governador, Lerner teve a idéia do seminário para professores e chamou o ex-executivo para tocar o projeto. A EMPRESA E A ESCOLA Loquaz, culto, viajado e em alguns momentos quase radical, Arthur Oliveira Filho reserva palavras pouco amigáveis para tudo que diz respeito ao Estado brasileiro. Apesar da concretização de seu projeto ter sido possível graças a um poder público, ele faz parte daquelas pessoas que acham que, no Brasil, as leis e os impostos servem apenas para atrapalhar e desestimular aqueles que desejam investir. Sobre o sistema educacional, é ainda mais duro: “Falido esquizofrênico”. Para ele, a educação deveria ser uma estratégia empresarial. “Nos Estados Unidos, a empresas investem nas universidades. No Brasil, não se vê emprese investindo em educação. Mas ela não entendem que dependem do sistema educacional”, diz. O COMEÇO EM 1995 Os primeiros seminários foram realizados no final de 1995, para técnicos da secretaria e dos núcleos regionais de educação do estado e diretores das escolas, numa colônia de férias do litoral. Paralelamente, a vila dos trabalhadores que construíram a usina de Foz do Areia foi reconstruída. A Universidade do Professor começou a funcionar em março. Para este ano, estão previstos 27 seminários de uma semana. Até a terceira semana de maio, nove seminários já haviam sido feitos, para cerca de 7.700 professores. Divididos em quatro grupos identificados por cores diferentes, orientados por 48 monitores, os professores imersos em Faxinal do Céu têm três tipos de atividades: culturais, que envolvem as palestras, filmes, peças e concertos; de qualidade de vida, onde passeiam pelos bosques e pelo belíssimo horto florestal de Faxinal, fazem ginástica, aprendem sobre nutrição, postura e relaxamento e as implicações disso tudo na concentração e no aprendizado; e, por fim, o trabalho pedagógico. Para isso, as quatro grandes alas são divididas em 24 turmas e subdivididas até chegarem em ‘ grupos de sete pessoas. A implantação do projeto de Faxinal do Céu custou ao governo do estado cerca de R$ 1.0 milhões. Segundo Arthur Pereira, os 27 seminários deste ano vão custar outros R$ 15 milhões. Parte da implantação e manutenção do projeto foi financiada pelo Banco Mundial, dentro de um programa de melhoria da qualidade do ensino de 1° grau, que prevê investimentos de U$$ 200 milhões, em todo o estado. O DESCONHECIMENTO É GERAL Segundo uma pesquisa do Instituto Datafolha, 61% dos jovens paulistanos acima de 16 anos não sabem qual é a capital do Rio Grande do Sul e 92% não sabem quantos estados tem o Brasil. Uma outra pesquisa mostrou que 74% dos jovens norte-americanos não sabem que combater o comunismo era a prioridade absoluta do seu governo depois da 2º Guerra Mundial. Na Inglaterra, um terço dos jovens pesquisados não sabia dizer quem foi Winston Churchill, um dos maiores estadistas do século. Já que estamos falando no assunto, cabe a pergunta: o que está acontecendo com a educação no mundo? Falou-se de Brasil, mas também de Estados Unidos e Inglaterra, potências de Primeiro Mundo orgulhosas de seu sistema educacional. O experiente Rubens Junqueira Portugal tem duas teorias sobre o assunto. A primeira, mais ligada aos tempos modernos, é que a escola não consegue competir com o fascínio da TV e dos meios de comunicação em geral. “O aluno tem a informação da modernidade na TV e, quando vai para a escola, vê um museu, um ferro-velho com atores muitos piores que os da TV, analisa. Para ele, a escola não consegue ser tão fascinante quanto a TV. “O entertainment’ aumentou muito, e os educadores não estão preparados para o exercício do convívio inteligente”, afirma. FALTA O ‘IDEÁRIO” A segunda razão, mais histórica e filosófica, está ligada à origem da escola. Nos seus primórdios, lá pelo século IV d.C, a sala de aula, como nós a conhecemos hoje, ficava dentro dos mosteiros e tinha como objetivo levar o cristianismo para os povos pagãos e os bárbaros. Com a Revolução Industrial, a partir do século XVII, o papel da escola mudou e passou a ser o de preparar mão-de-obra para as indústrias. Nos regimes totalitários, o ensino vem revestido de um grande fervor patriótico. Mas, como reflete o poder dominante, quase sempre capitalista, a escola acabou reproduzindo a linha de montagem de Henry Ford e, no entender de Portugal, perdeu o objetivo central de ensinar algo específico. “No Brasil, a escola se ressente de não ter um ideário, não ter um objetivo específico”, analisa, para logo em seguida sugerir um grande objetivo: reduzir o fosso que separa os pobres e miseráveis das camadas mais altas. “Quem não enxerga essa necessidade, está tecendo a corda com a qual vai ser enforcado”, conclui. Além desse “fordismo” que domina a escola, principalmente a pública, Portugal critica também a fragmentação do ensino, que leva o estudante a uma grande alienação, no sentido de que não é fácil relacionar aquilo que é aprendido na escola com a vida cotidiana do aluno. ANTÔNIO CARLOS VILLAÇA, O ASTRO DE FAXINAL O leitor está morrendo, porque se encontra na UTI das faculdades de letras, cujos professores são cirurgiões, que matam a vontade do leitor de ler. São abutres, que vão matar o texto literário. Quando fez essas declarações, numa palestra no Rio de Janeiro, o escritor Marco Lucchesi, ensaísta, tradutor e professor de literatura do curso de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tocou num ponto nevrálgico. Afinal, eles, os professores de literatura, também não conseguem competir com todo o “entertainment” dos meios de comunicação de massa. Fazendo um paralelo com o que disse Rubens Portugal, após ver a modernidade na TV, os alunos vão para a escola e, além dos atores ruins, são obrigados a conviver com textos do século passado, totalmente distantes da sua realidade. “Eles começam a hiperteorizar”, denuncia Lucchesi. “De repente, do Grande Sertão de Guimarães Rosa, vemos surgir Zeus, Júpiter, etc”, afirma. Competir com o “entertainment” é uma tarefa a mais para um professor de literatura. No entanto, não há um aluno de Iº e 2º grau que não tenha que ler os famosos clássicos do romantismo brasileiro, de José de Alencar e Bernardo Guimarães, e depois preencher aquelas irritantes fichinhas ditas didáticas, com questões do tipo “complete as lacunas”, que deveriam avaliar o grau de compreensão que o aluno teve do livro. Na prática, é como tentar iniciar um leigo em música erudita usando as óperas de Wagner ou as obras vanguardistas do alemão Karlheinz Stockhausen. É evidente que se devem ler os autores citados, mas a questão é quando e de que forma. O SEDENTÁRIO Na direção oposta dessa prática literária arcaica, está o escritor, memorialista, jornalista e historiador Antônio Carlos Villaça, de longe o personagem mais fascinante que os participantes dos seminários de Faxinal do Céu têm oportunidade de conhecer. Villaça conviveu com algumas das personalidades mais importantes da cultura e da política do Brasil nesse século, como os poetas Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, o ex-presidente Juscelino Kubitschek e o jornalista Carlos Lacerda, entre muitos outros. Dono de uma memória impressionante, que faria qualquer Power Mac ou 486 parecer um rudimentar ábaco, é capaz de lembrar datas, endereços e até roupas com minuciosa exatidão. Em Faxinal do Céu, ele faz conferências sobre essas e outras personalidades, com Rui Barbosa (cujos caudalosos textos devorou ainda na adolescência) e Machado de Assis…….. Corpulento (tem 160 centímetros de cintura, segundo uma fonte segura), Villaça contrapõe a impressionante agilidade mental a um sedentarismo quase absoluto. Em suas palestras, senta-se no centro do auditório em sua poltrona especial, trazida por assistentes, e não se mexe. À exceção das mãos, que gesticulam bastante, e dos diversos copos de água e café com leite que consome durante as palestras. Villaça tem a informalidade de um contador de causos, e consegue criar a intimidade de uma avó contando reminiscências para os netos, sem nunca deixar de lado a profundidade das análises e a riqueza histórica e até estética dos relatos. Aos 68 anos, já escreveu 25 livros, sete deles de memórias, incluindo “O Nariz do Morto” (1970), fortemente autobiográfico, e o último, uma coletânea de textos memorialísticas lançada no final de abril, que tem o enigmático título de “Os Saltimbancos da Porciúncula”. MÚSICA SUPRE CARÊNCIA CULTURAL Logo no início de um dos concertos da Orquestra de Câmara Brasileira, que costuma fazer apresentações em Faxinal do Céu, o maestro e spalla Paulo Torres perguntou à platéia quem já havia assistido a um concerto sinfônico. Pouquíssimas pessoas levantaram a mão, num auditório de quase quinhentos lugares. Para essa imensa maioria, o concerto foi uma absoluta novidade. Didático, o programa apresentou obras bastante populares do repertório orquestral, de forma a apresentar as principais famílias de instrumentos que compõem uma orquestra sinfônica, e introduzir a platéia no mundo da música erudita. Ou seja, quem nunca foi a um concerto, saiu de lá sabendo algumas coisinhas. Mas sabendo também que não sabe um monte de outras coisas. Falou-se, por exemplo, que a orquestra de cordas se desenvolveu muito no período barroco, e que Haydn era contemporâneo de Mozart. Mas afinal, o que vem a ser um período barroco, e em que época viveram esse Mozart e esse Haydn? Perguntas como essas são cabíveis em algum professor virgem em música erudita, após o concerto. Numa situação ainda pior, um outro espectador do concerto pode não ter feito pergunta alguma. Talvez não tenha tido curiosidade suficiente para fazê-las, como seria papel de qualquer pessoa, professor ou não, quando colocada frente a um assunto que não conhece. SALÁRIO BAIXO O exemplo pode ser aplicado para qualquer uma das atividades culturais desenvolvidas nos seminários de Faxinal do Céu. Cultura geral, para a imensa maioria, é artigo de luxo. Infelizmente, já que, em se tratando de educadores, ela deveria ser artigo de primeira necessidade. Percebe-se, nos participantes, um misto de perplexidade, até espanto, com a quantidade de informações que é fornecida em tão pouco tempo, e alguma ansiedade, de tentar absorver o máximo possível. Falta intimidade com assuntos culturais. Falta o reconhecimento da cultura como “uma realidade transprofissional, uma exigência profunda e pessoal, uma finalidade transcendente, um mundo mais real do que o outro, de todos os dias, com seus bondes, seus lotações, seus horários, suas imposições absorventes”, como escreve Antonio Carlos Villaça em seu livro “O Nariz do Morto”, descrevendo um dos poucos professores do seu tempo de escola que realmente o marcaram. Em tempo: não se está dizendo aqui que os professores estaduais do Paraná são burros ou que não se interessam por cultura. O que se quer dizer, e que de certa forma valida a teoria da educação por meio da arte, é que o acesso à cultura nem sempre é uma coisa fácil. Sabe-se que no sistema educacional brasileiro, do 1°ao 3º grau, a leitura deixou de ser uma atividade prazerosa, natural, para se transformar numa obrigação tediosa. Cultura também custa caro, especialmente quando se ganha menos de R$ 300,00 por mês. Quando sobra um dinheirinho, pode não haver livrarias ou opções culturais numa cidade muito pequena. Isso sem falar no hábito da leitura e do costume de ir ao teatro, ao cinema e ao concerto. A carência muitas vezes ultrapassa a cultura geral. “Nos seminários para diretores, no ano passado, cerca de 10% dos participantes nunca tinham visto o mar”, garante o secretario estadual de Educação, Ramiro Wahrhaftig. Isso leva à pergunta central sobre Faxinal do Céu: e depois? Alguns dos participantes do seminário podem ser comparados a uma criança órfã, que tem chance de passar uma semana numa grande e carinhosa família, cercada de comida farta, luxo e confortos, mas é obrigada a voltar para sua dura realidade após aquele período. A continuidade do que é feito em Faxinal é o ponto crucial do projeto, e também o mais difícil de ser efetivado. Durante o seminário, os participantes são passivos. Seguem a programação e os monitores, e não precisam pagar por nada. Estão numa condição especial, longe de casa, dos filhos e das preocupações cotidianas. Quando voltam, carregam algum entusiasmo inercial da agitação da semana anterior, mas têm que se tornar ativos em relação ao consumo e ao exercício da cultura, tarefa que pode esbarrar na falta de dinheiro e de opções. O PRÓXIMO PROGRAMA O professor Rubens Junqueira Portugal é o coordenador da atividade mais importante do seminário, os trabalhos e discussões em grupo. Para ele, o seminário toca duas questões importantes. A primeira é provocar o intelecto dos professores, em busca de soluções alternativas para o cerco de fatores negativos que constituem a tragédia educacional brasileira. A segunda é tentar descondicionar os professores da atitude rotineira e passiva a que uma significativa parte se entregou. “Nesses seminários, já conhecemos casos notáveis e outros absurdos. Mas a grande média é de professores cumpridores das aparências, pouco animados para grandes aventuras de invenções pedagógicas”, analisa, para resumir com uma metáfora: “Valorizam mais a liturgia que a fé”. A despeito de todas as dificuldades, ele encontrou exemplos impressionantes, como o do professor Celso Tome da Silva, da pequena cidade de Fênix, no oeste do estado, que tem cerca de 5 mil habitantes. “Ele é uma sumidade, criou um sistema notável de avaliação sem prova e sem nota.” Tanto que o Ministério da Educação viabilizou recursos para que o trabalho do professor fosse editado. Burocratização, falta de entusiasmo e acomodamento? Todos os monitores que trabalham nos seminários são professores que abandonam suas rotinas para trabalharem das 5h3O da manhã às 1 lh30 da noite, sem nenhuma remuneração. “A esmagadora maioria quer voltar”, garante Portugal. No plano governamental, a questão da continuidade é respondida com diversas promessas. Segundo o secretário Wahrhaftig, há um segundo programa, posterior a Faxinal, que prevê cursos de capacitação específicos para cada disciplina, ministrados por meio de convênios com as universidades estaduais e federais. Além do convênio com o Bird, há um segundo programa, chamado Proem, sendo negociado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, que prevê investimentos de US$ 198 milhões para melhoria do ensino de 2° grau.

Desafio aos professores: aliar tecnologia e educação – Entrevista: Guilherme Canela Godoi

Seja por meio de celular, computador ou TV via satélite, as diferentes tecnologias já fazem parte do dia a dia de alunos e professores de qualquer escola. Contudo, fazer com que essas ferramentas de fato auxiliem o ensino e a produção de conhecimento em sala de aula não é tarefa fácil: exige treinamento dos mestres. A avaliação é de Guilherme Canela Godoi, coordenador de comunicação e informação no Brasil da Unesco, braço da ONU dedicado à ciência e à educação. “Ainda não conseguimos desenvolver de forma massiva metodologias para que os professores possam fazer uso dessa ampla gama de tecnologias da informação e comunicação, que poderiam ser úteis no ambiente educacional.” O desafio é mundial. Mas pode ser ainda mais severo no Brasil, devido a eventuais lacunas na formação e atualização de professores e a limitações de acesso à internet – problema que afeta docentes e estudantes. Na entrevista a seguir, Godoi comenta os desafios que professores, pais e nações terão pela frente para tirar proveito da combinação tecnologia e educação.

Qual a extensão do uso das novas tecnologias nas escolas brasileiras?
Infelizmente, não existem dados confiáveis que permitam afirmar se as tecnologias são muito ou pouco utilizadas nas escolas brasileiras. Censos educacionais realizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostram que a maioria das escolas públicas já tem à sua disposição uma série de tecnologias. No entanto, a presença dessas ferramentas não significa necessariamente uso adequado delas. O que de fato se nota é que ainda não conseguimos desenvolver de forma massiva metodologias para que os professores possam fazer uso dessa ampla gama de tecnologias da informação e comunicação, que poderiam ser úteis no ambiente educacional.

Quais devem ser as políticas públicas para incentivar as tecnologias em sala de aula?
Elas precisam ter um componente fundamental de formação e atualização de professores, de forma que a tecnologia seja de fato incorporada no currículo escolar, e não vista apenas como um acessório ou aparato marginal. É preciso pensar como incorporá-la no dia a dia da educação de maneira definitiva. Depois, é preciso levar em conta a construção de conteúdos inovadores, que usem todo o potencial dessas tecnologias. Não basta usar os recursos tecnológicos para projetar em uma tela a equação “2 + 2 = 4”. Você pode escrever isso no quadro negro, com giz. A questão é como ensinar a matemática de uma maneira que só é possível por meio das novas tecnologias, porque elas fornecem possibilidades de construção do conhecimento que o quadro negro e o giz não permitem. Por fim, é preciso preocupar-se com a avaliação dos resultados para saber se essas políticas de fato fazem a diferença.

As novas tecnologias já fazem parte da formação dos professores?
Ainda é preciso avançar muito. Os dados disponíveis mostram que, infelizmente, ainda é muito incipiente a formação de professores com a perspectiva de criação de competências no uso das tecnologias na escola. Com relação à formação continuada, ou seja, à atualização daqueles profissionais que já estão em serviço, aparentemente nós temos avanços um pouco mais concretos. Há uma série de programas disponíveis que oferecem recursos a eles.

Para os alunos, qual o impacto de conviver com professores ambientados com as novas tecnologias?
As avaliações mais sólidas a esse respeito estão acontecendo no âmbito da União Europeia. Elas mostram que a introdução das tecnologias nas escolas aliada a professores capacitados têm feito a diferença em alguma áreas, aumentando, por exemplo, o potencial comunicativo dos alunos.

As relações dentro da sala de aula mudam com a chegada da tecnologia?
O que tem acontecido – e acho que isso é positivo, se bem aproveitado – é que a relação de poder professor-aluno ganha uma nova dinâmica com a incorporação das novas tecnologias. Isso acontece porque os alunos têm uma familiaridade muito grande com essas novidades e podem se inserir no ambiente da sala de aula de uma maneira muito diferente. Assim, a relação com o professor fica menos autoritária e mais colaborativa na construção do conhecimento.

É comum imaginar que em países com um alto nível educacional a integração das novas tecnologias aconteça mais rapidamente. Já em países em desenvolvimento, como o Brasil, onde muitas vezes o professor tem uma formação deficitária, a incorporação seja mais lenta. Esse pensamento é correto?
Grandes questões sobre o assunto não se colocam apenas para países em desenvolvimento. É o caso, por exemplo, de discussões sobre como melhor usar a tecnologia e como treinar professores. O mundo todo discute esses temas, porque essas novas ferramentas convergentes são um fenômeno recente. Porém, também é correto pensar que nações onde as pessoas são mais conectadas e têm mais acesso a dispositivos devem adotar a tecnologia em sala de aula de modo mais amplo e produtivo. Outro fenômeno detectado no mundo todo é o chamado “gap geracional”, ou seja, os professores não nasceram digitalizados, enquanto seus alunos, sim.

O senhor vê algum tipo de resistência nas escolas brasileiras à incorporação da tecnologia?
Não acredito que haja uma resistência no sentido de o professor acreditar que a tecnologia é maléfica, mas, sim, no sentido de que ele não sabe como utilizar as novidades. Não se trata de saber ou não usar um computador. Isso é o menor dos problemas. A questão em jogo é como usar equipamentos e recursos tecnológicos em benefício da educação, para fins pedagógicos. Esse é o pulo do gato.

Quais os passos para superar a formação deficitária dos professores?
A Unesco sintetizou em livros seu material de apoio, chamado Padrões de Competências em Tecnologia da Informação e da Comunicação para Professores. Ali, dividimos o aprendizado em três grandes pilares. O primeiro é a alfabetização tecnológica, ou seja, ensinamos a usar as máquinas. O segundo é o aprofundamento do conhecimento. O terceiro pilar é chamado de criação do conhecimento. Ele se refere a uma situação em que as tecnologias estão tão incorporadas por professores e alunos que eles passam a produzir conhecimento a partir delas. É o caso das redes sociais. É importante lembrar que esse processo não é trivial, ele precisa estar inserido na lógica da formação do professor. Não se deve achar que a simples distribuição de equipamentos resolve o problema.